Já inventaram tanta asneira sobre Luiz Inácio Lula da Silva e sua família que me tornei indiferente às denúncias contra a família Silva mais famosa do Brasil. Mesmo que o tal sítio em Atibaia seja dele e que tenha sido ampliado através de tráfico de influências, não vou acreditar. Afinal de contas a Froboi, a Oi e até mesmo a Escola Superior de Agricultura da USP já foram apontadas como propriedades dos Silva no passado. Os opositores do ex-presidente me saturaram com tantas denúncias – a maioria delas falsas – sobre Lula. E isso vale para a imprensa também. Certa vez saiu num jornal que Lula estaria se divorciando de sua companheira de longa data, Marisa Letícia – que, ao contrário das esposas de tucanos, está sempre ao lado dele e não só de 4 em 4 anos – para se casar com sua "amante", a ex-modelo Luiz Brunet. Como Lula não se divorciou de Marisa e como até hoje jamais conseguiu se provar a participação dele no chamado "mensalão", que até hoje não entendi ao certo do que se trata (e nenhum opositor do presidente jamais foi capaz de me explicar), parei de acreditar no que a imprensa publica sobre ele.
A atual leva de denúncias contra o ex-presidente nos jornais – que a veterana atriz Eva Wilma chama de "caça às bruxas" – não surte efeito nenhum em mim, além da vontade de nunca mais ligar a televisão ou o rádio ou de abrir uma revista ou um jornal. O efeito das denúncias, em mim, é o contrário daquele que é surtido na maioria das pessoas: quanto mais acusam Lula, mais o emissário (e não o acusado) perde a credibilidade. Denunciar Lula perdeu o sentido para mim. Acusam-no pelo simples prazer de acusar, enquanto some dos jornais a denúncia de Mirian Dutra, amante de Fernando Henrique Cardoso, de que o ex-presidente tucano usou uma offshore (empresa aberta em paraíso fiscal para não pagar imposto de renda) para sustentar o filho dos dois no exterior. Isto tem sua razão de ser. Nas palavras de sua amante, Fernando Henrique é um membro "da aristocracia de São Paulo" que no mundo irreal desta. Já Lula é um retirante nordestino que experimentou a fome, o descaso do poder público com a educação e a saúde (sua primeira esposa e o filho que ela esperava morreram de infecção hospitalar). Ele não cresceu no mundo irreal de sítios luxuosos em Atibaia que tentam imputar a ele.
Dá pra confiar a nação em quem faz chacota com deficiência? |
Sou um underdog (desprivilegiado que é atacado por todos) e transformar Lula e o PT em underdogs só vai fazer aumentar minha identificação com eles. A imprensa teria conseguido me fazer abandonar o partido se seus ataques fossem mais pontuais e referentes às suas falhas reais como, por exemplo, o fim da democracia interna. À grande imprensa surgida no período ditatorial, no entanto, não interessa criticar ninguém por falta de democracia. Ela não deseja uma sociedade democrática, pois sociedades democráticas não toleram a concentração dos meios de comunicação nas mãos de uma dezena de famílias. Da maneira como atuam desde 2005, atacando o PT por ser o partido dos trabalhadores que agora anseiam por tudo aquilo que os outros partidos e seus eleitores têm acesso, só fazem aumentar minha identificação com o partido. E o fato dos perseguidores dos underdogs, como os pastores evangélicos, estarem contra o PT, ajuda. A imprensa, para mim, também é inimiga de underdogs como eu e seus constantes ataques ao PT reduziram meu senso crítico para com o partido. Baseando minhas informações apenas na imprensa nacional, não sei mais dizer o que é verdadeiro e o que é falso em relação ao partido e a seu maior ícone, o ex-presidente Lula.
Quando quero saber se um programa do governo petista é bom ou quando quero saber a real dimensão das denúncias contra Lula consulto a imprensa internacional. O Los Angeles Times fez uma reportagem maravilhosa sobre o programa Mais Médicos e a BBC Brasil colocou em perspectiva as denúncias contra o ex-presidente, tendo o cuidado de ouvir os advogados dele em relação a todas elas. A impressão que tenho quando leio à imprensa nacional é que estou me deixando alienar por um grupo cuja única razão de existência é derrubar projetos políticos que não favorecem os grandes grupos de mídia e a plutocracia nacional. E a desconfiança é geral. Não é só sobre Lula e o PT. Duvido de tudo aquilo que sai na imprensa. E a culpa disso é da própria, de seu sensacionalismo contra o PT – e só contra o PT. Tirando entrevistas e algumas poucas colunas que ainda não foram tomadas pelos discípulos do astrólogo, tudo o que sai na imprensa é sem valor para mim. Podem até conseguir desconstruir o PT para a maioria da população, mas jamais vão destruir minha admiração pelos underdogs e pelas iniciativas políticas deles. Mesmo que tenha sido "clintonizado" pela turma do José Dirceu nos anos 1990, o ideal de transformação social permanece, com ou sem PT, com ou sem Lula. Por serem tão odiáveis em suas críticas, transformaram o PT em inodiável para mim.
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