Brasil olímpico: do orgulho... |
Dois anos se passaram e o Brasil se mostrou um país extremamente feio para o mundo. Na abertura da Copa do Mundo de 2014, a presidenta Dilma Rousseff foi mandada tomar no cu por gritos que ecoaram inicialmente da área VIP do Estádio de Itaquera. Mesmo com esse episódio, minha esperança não se esvaiu. A reeleição de Dilma em outubro daquele ano me provou que, embora crescente, a feiura ainda não era majoritária. Até que veio o ano de 2015. Acuada pela mesma elite paulista que a queria ver tomar no cu, Dilma decidiu adotar um programa de austeridade fiscal. Não só não conseguiu agradar a elite como também se distanciou da base trabalhadora que a reelegeu.
Durante todo o ano de 2015, Dilma enfrentou o fantasma do impeachment. Conseguiu afastá-lo graças ao apoio do PMDB do vice-presidente Michel Temer. Em dezembro, no entanto, trocou o ministro da Fazenda pró-austeridade por um nome mais ligado ao PT. Foi quando foi traída por Temer, que recebeu da elite econômica a incumbência de derrubar o governo e colocar a ordem de volta na casa, ou seja, tirar dinheiro de programas sociais para colocar no pagamento dos juros da dívida pública. O imbróglio deveria ter sido resolvido já no início do ano, mas o PT conseguiu barrar seu andamento no Supremo Tribunal Federal após questionar a forma de eleição dos membros da comissão do impeachment.
O Supremo decidiu que a eleição deveria ser aberta. Eleitos os membros da Comissão, a Câmara se apressou para tirar Dilma do poder, o que culminou com a votação do dia 17 de abril, um domingo, quando os deputados votaram a favor de tudo, menos do relatório que condenava Dilma. Agora o circo mudou de picadeiro. Está no Senado onde, após discussões inflamadas, a presidente deverá ser afastada por 180 dias. Enquanto Dilma prepara sua defesa contra o afastamento final, que deve ser referendado por 2/3 dos senadores, Temer deve apresentar seu pacote de maldades à nação: desvinculação das aposentadorias do salário mínimo, fim do reajuste automático do mínimo com base na inflação, entrega do pré-sal para as empresas petrolíferas estrangeiras, etc.
Nesse cenário de perda de direitos é impossível nutrir algum sentimento bom pelas Olimpíadas. No mesmo dia em que a tocha olímpica era acesa em Atenas, uma ponte caiu no Rio de Janeiro e matou duas pessoas. Desde 2010 o estado é governado pelo PMDB e desde 2012 a cidade está nas mãos do mesmo partido, que foi o responsável pela execução das obras olímpicas. Muitas delas, como a despoluição da Baía de Guanabara, ficaram só no papel. Outras, como a construção de locais de competição, foram realizadas às custas da retirada ilegal de moradores de suas casas. Muitos fizeram uma analogia entre a ponte caída e o título do projeto do PMDB para o Brasil: "Uma Ponte para o Futuro".
...à desesperança. |
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