sábado, 31 de outubro de 2015

Poema: Natal sem Dilma

Nosso Papai noel nunca será vermelho!
Vamos nos livrar da Dilma até o Natal
Somos cristãos, nos damos bem no final
Vamos, sem focinheira, ao ataque
Com ajuda da PM, boa de massacre
Depois vamos na missa confessar
Se for o caso de Jesus voltar

Vamos nos livrar da Dilma, por favor
Ela é a causa de todo esse desamor
O PT destruiu nosso país
Tudo culpa d'um tal Luiz
Eu vi na TV, na internet e na Veja
Na rádio, entre a música sertaneja

Vamos nos livrar da Dilma, puta comunista
Que com o MEC endoutrina as crianças
Queremos uma nação fascista
Essa é a nossa última esperança
Porque pobre não pode ter vez
Vamos enfiar feminazi no xadrez

Vamos nos livrar da Dilma, ela fraudou a eleição

O PT pagou pra não dar no Jornal Nacional
Trouxeram haitiano e cubano pra votação
É verdade, eu acredito na minha doença mental
E embora ela me faça babar
Tenho o direito de ruminar

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

20 canções para celebrar a emancipação feminina (Parte II)

11° - "It's Not Right, But It's OK" (1998), Whitney Houston
Embora Whitney Houston (1963-2012), fosse o contrário do que se pode dizer de uma mulher forte em sua vida pessoal, sua música exalava auto-empoderamento. Do seu primeiro grande sucesso (a melosa "Greatest Love of All") a seu último álbum, você se sente capaz de conquistar qualquer coisa após ouvir à discografia de Whitney. Com "It's Not Right, But It's OK" ("não é certo, mas tudo bem") não é diferente. Na letra da canção, a protagonista descobre que está sendo traída por seu marido e decide pôr um fim ao relacionamento, pois prefere estar sozinha do que ser infeliz. Em determinado momento, Whitney cita a si mesma, como se ela própria tivesse uma personalidade forte ("esse tempo todo pensei que tinha alguém para a Whitney"). Infelizmente, a cantora mais famosa do mundo de 1985 a 1995 não era exatamente assim. Viveu um turbulento e abusivo casamento com o cantor Bobby Brown, o que consumiu sua saúde física, emocional e financeira até aquele dia trágico num quarto de hotel quando pôs fim à própria vida, intencionalmente ou não. Que sua música consiga continuar nos inspirando mesmo após sua partida tão súbita e precoce!


Letra:
Sexta-feira à noite você e seus amigos saíram pra comer
E depois eles saíram
Mas você chegou em casa por volta das 3:00
Se vocês eram seis 
Então quatro de vocês eram muito econômicos
Porque só dois jantaram
Eu descobri na fatura do cartão

Isso não é certo, mas tudo bem
Eu vou superar de qualquer jeito
Faça suas malas e suma
E não ouse voltar correndo pra mim
Isso não é certo, mas tudo bem
Eu vou superar de qualquer jeito
Feche a porta depois que sair
Deixe a sua chave
Eu prefiro estar sozinha
Que ser infeliz

Eu fiz suas malas
Para uma viagem de uma semana
O telefone tocou
E então você olhou pra mim
(Por que você olhou para mim?)
Disse que era um de seus amigos
Lá da Rua 54
Então porque "213"
Apareceu no identificador de chamada?

Já passei por tudo isso antes
(Eu já passei por tudo isso antes)
Então como é que você pensaria
(Não pense, não pense)
Que eu ia ficar aqui e aguentar isso?
As coisas vão mudar
(As coisas têm que mudar, baby)
Porque eu não quero mais ser uma boba
(Você ficar, sem chance, cara)
É por isso que você tem que sair
(Sim, sim, sim, sim, sim, sim, sim, siim)

Então não se vire para ver o meu rosto
(Então não se vire)
Não há mais lágrimas aqui 
Para você ver
Valeu a pena mesmo você ter que sair desse jeito?
Diga-me... oh yeah
Valeu mesmo a pena?
Valeu a pena mesmo você ter que sair desse jeito?
Diga-me... oh

Veja, eu estou seguindo em frente
E me recuso a olhar para trás
Sabe, esse tempo todo 
Eu pensei que tivesse alguém para a Whitney
Na verdade...
Você estava me fazendo de palhaça!

Levante-se e vá embora!
Prefiro estar sozinha do que ser infeliz
Não está certo... tudo bem, baby
Eu posso pagar meu próprio aluguel
Pagar minha conta de luz, cuidar dos bebês
Eu vou ficar bem, vai dar tudo certo


12° - "Just a Girl" (1995), No Doubt
Embora "Don't Speak" seja o maior sucesso do álbum Tragic Kingdom, "Just a Girl" ("apenas uma garota") foi o primeiro sucesso comercial da banda de rock No Doubt. Após o tecladista Eric Stefani ter deixado a banda para trabalhar como animador do seriado Os Simpsons, sua irmã Gwen, a vocalista, assumiu a função de compositora do No Doubt. Ela trouxe não só um estilo diferente de composição, como também uma perspectiva feminina para as canções, o que irritou alguns dos primeiros fãs cativados pela banda, em especial os mais machistas. Na canção, Gwen se revolta contra os esterótipos existentes em relação às mulheres, principalmente jovens, de que são fracas e incapazes de se protegerem sozinhas. A inspiração veio de uma discussão que a cantora teve com seu pai por ela ter saído sozinha de casa tarde da noite. "Just a Girl" inaugurou um novo estilo de composição (semelhante ao de Beyoncé) e pode ser inequivocamente apontado como um dos primeiros hinos do feminismo de terceira onda.


Letra:
Tire essa venda rosa dos meus olhos
Estou exposta
E não é uma grande surpresa
Você acha que eu não sei
Exatamente onde eu estou
Esse mundo está me forçando
A segurar a sua mão

Pois eu sou apenas uma garota, uma pequena garota
Não me deixe fora de seu campo de visão
Eu sou apenas uma garota, pequenininha e delicada
Então tire todos os meus direitos
Oh... Eu estou de saco cheio!

O momento em que eu piso fora de casa
Existem muitas razões
Para que eu corra e me esconda
Eu não posso fazer as pequenas coisas
Que são tão caras para mim
Porque são essas pequenas coisas
Que eu temo

Pois eu sou apenas uma garota
E preferiria não ser
Pois eles nem me deixam dirigir
Tarde da noite
Sou apenas uma garota
Acho que sou meio louca
Pois ficam sentados e me encaram
Com aqueles olhos
Sou apenas uma garota
Dê uma boa olhada em mim
Sou seu típico protótipo
Oh... Eu estou de saco cheio!
Oh... Estou sendo clara o suficiente?

Sou apenas uma garota
Sou apenas uma garota no mundão
É tudo o que você me deixa ser!

Sou apenas uma garota, vivendo em cativeiro
Suas regras
Me preocupam
Sou apenas uma garota, qual é meu destino?
O que sou obrigada a fazer
Está me deixando entorpecida
Sou apenas uma garota. Minhas desculpas
O que eu me tornei é tão insuportável
Sou apenas uma garota. Sorte minha
Não tem nem comparação

Oh... Eu estou
Oh... Eu estou
Oh... Eu estou de saco cheio!


13° - "Começar de Novo" (1979), Simone
Escrita por Ivan Lins e Vitor Martins, essa canção foi música-tema do seriado Malu Mulher, exibido em 1979 pela Rede Globo e estrelado por Regina Duarte. Na trama do mesmo eram apresentados assuntos polêmicos como aborto, pílula anticoncepcional, violência doméstica e divórcio, que na verdade são problemáticas ainda bastante comuns na vida das mulheres brasileiras. Ambos, seriado e música-tema, fizeram grande sucesso na época. O polêmico seriado abriu as portas para que o público brasileiro passasse a discutir questões referentes à emancipação feminina, como a abertura do mercado de trabalho para essas cidadãs. A letra da canção se assemelha à de "I Am Woman", sendo que seu eu-lírico também narra sua aventura de libertação sem demonstrar qualquer tipo de remorso. Curiosamente, Lins e Martins também são os autores de outra canção de teor feminista, que também está presente nessa lista (número 20). 



14° - "Sisters Are Doin' It for Themselves" (1985), Aretha Franklin & Eurythmics
Após o sucesso de "Respect", Aretha Franklin continuou gravando músicas que fizeram sucesso, como o também hino feminista "Think" e canções de amor como "Don't Play That Song for Me" e "I Say a Little Prayer". No entanto, sua carreira começou a patinar nos anos 1970, quando a música tornou-se cada vez mais eletrônica e dançante. Foi então que a rainha do soul teve a ideia de se reinventar e fazer música para as novas gerações. O disco Who's Zoomin' Who produziu os sucessos "Freeway of Love", a faixa-título e esta colaboração com a dupla britânica de pop sintético Eurythmics. Embora a música não tenha envelhecido tão bem quanto "Respect" ou "You Don't Own Me" (sobretudo devido ao verso "um homem ainda ama uma mulher e uma mulher ainda ama um homem", que invisibiliza não só as feministas lésbicas como o movimento LGBT como um todo), permanece como um dos ícones da transição do feminismo de segunda para terceira geração. Por outro lado, seu apelo à sororidade e à igualdade salarial no mercado de trabalho continuam mais atuais do que nunca.


Letra:
Havia uma época em que diziam
Que por trás de todo grande homem 
Tinha que ter uma grande mulher
Mas nesses tempos de mudança
Isso não é mais verdade
Estamos saindo da cozinha
Porque há algo que esquecemos de dizer

As irmãs estão lutando por elas mesmas
Erguendo-se em seus próprios pés
Fazendo cair suas próprias fichas
As irmãs estão lutando por elas mesmas

Esta é uma canção para celebrar
A libertação consciente do estado feminino
Mães, filhas e suas filhas também
De mulher para mulher
Estamos cantando com vocês

O "sexo inferior" tem um novo exterior
Temos doutoras, advogadas e políticas também
Todo mundo, dê uma olhada ao seu redor
Consegue ver? Consegue ver? Consegue ver?
Há uma mulher ao seu lado

Não estamos inventando história
Não estamos elaborando planos
Porque um homem ainda ama uma mulher
E uma mulher ainda ama um homem
Exatamente do jeito que era

Remuneração igual, ouça o que dizemos!


15° - "Express Yourself" (1989), Madonna
Assim como Beyoncé e Shakira, Madonna tem várias músicas que poderiam entrar nessa lista, como a desafiadora "Human Nature" ou a questionadora "What It Feels Like for a Girl". Até mesmo "Papa Don't Preach", embora adorada pelos grupos antiaborto, poderia entrar nessa lista, pois a cantora afirma diversas vezes durante a canção que a decisão de não abortar é sua e o bebê, idem. No entanto, escolhi "Express Yourself" ("se expresse") por esta ser uma das faixas daquele que é considerado o melhor álbum da cantora pela crítica especializada, Like a Prayer. A canção, bem dançante, trata-se de uma tentativa de Madonna de abrir os olhos de suas fãs adolescentes para aquilo que elas devem procurar num companheiro.


Letra:
E aí, garotas
Vocês acreditam no amor?
Pois eu tenho algo a dizer sobre isso
E é mais ou menos assim

Não se acomode com o segundo melhor
Ponha seu amor à prova
Você sabe, você sabe, você sabe que tem que
Fazê-lo expressar como ele se sente
E talvez então você saberá se seu amor é real

Você não precisa de anéis de diamantes
Ou joias de dezoito quilates de ouro
Carros elegantes andam muito rápido
Mas eles nunca duram, não, não
O que você precisa é de uma mão grande e forte
Para levantá-la para o lugar mais alto
Fazê-la se sentir como uma rainha no trono
Faça-o te amar até que você não possa descer
(Você nunca vai descer)

Rosas de cabo longo são o caminho para o seu coração
Mas ele precisa começar pela sua cabeça
Lençóis de cetim são muito românticos
O que acontece com eles quando você não está na cama?
Você merece o melhor na vida
Se o timing dele é errado, então parta pra outra
O segundo melhor nunca é o suficiente
Você ficará muito melhor sozinha
(Você tem que fazê-lo)

Expresse-se
(Você tem que fazê-lo)
Expressar-se
Hey, hey, hey, hey
Então, se você o quiser agora mesmo, faça-o mostrar-lhe como
Expressar o que ele tem, oh baby, esteja pronto ou não

E quando você for embora, ele pode se arrepender
Pensar no amor que ele uma vez teve
Vai tentar seguir em frente, mas ele não vai conseguir
Ele voltará de joelhos

Expresse-se
(Você tem que fazê-lo)
Expressar-se
Hey, hey, hey, hey
Então, se você o quiser agora mesmo, faça-o mostrar-lhe como
Expressar o que ele tem, oh baby, esteja pronto ou não
Expresse-se
(Você tem que fazê-lo)
Assim, você pode respeitar a si mesma
Hey, hey


16° - "Beautiful Liar" (2006), Beyoncé & Shakira
Embora Shakira tenha várias músicas que tratam do empoderamento feminino, inclusive em seu idioma materno, o espanhol, escolhi seu dueto com Beyoncé para ser a canção representante da cantora colombiana nessa lista devido a seu caráter pró-sororidade. A canção traz uma situação comum tanto na vida real quanto na teledramaturgia: o namorado da personagem A (Shakira) a traiu com a personagem B (Beyoncé), sua melhor amiga. Se a canção fosse uma novela da Rede Globo, o conflito apresentado por ela só se resolveria de uma forma: as duas terminariam a noite no chão da boate numa cena digna de luta livre. No entanto, elas decidem que sua amizade é mais importante do que qualquer homem e que nenhum "belo mentiroso" que cruzar o caminho delas conseguirá afetar a amizade delas. Isso sim é sororidade!


Letra:
(Beyoncé:)
Ninguém gosta de ser manipulado
Ele disse que eu valho a pena, sou o único desejo dele
(Shakira:)
Eu sei coisas sobre ele que você não gostaria de saber
(Beyoncé:)
Ele me beijou, a única mulher dele
Este belo mentiroso
(Shakira:)
Me diga como você lida com as coisas que acabou de descobrir?
Nunca saberemos 
(Beyoncé:)
Por que somos nós as únicas que sofrem?
(Shakira:)
Tenho que esquecê-lo

(Beyoncé:)
Não será ele que vai chorar

(Beyoncé:)
Não vamos acabar com o carma
Não vamos começar uma briga
Não vale a pena o drama
Por um belo mentiroso
(Shakira:)
Não podemos rir disso?
Não vale o nosso tempo
Podemos viver sem ele
É só um belo mentiroso

(Shakira:)

Eu confiei nele mas quando te segui eu os vi juntos
(Beyoncé:)
Eu não sabia sobre vocês até eu te ver com ele
(Shakira:)
Eu entrei na sua cena de amor, dançando lentamente
(Beyoncé:)
Você roubou tudo, como pode dizer que eu te fiz mal?

(Shakira:)
Nunca saberemos
(Beyoncé:)

Quando a dor e o coração-partido acabará
(Shakira:)
Eu tenho que esquecê-lo
(Beyoncé:)
A inocência se foi

(Shakira:)
Como posso te perdoar
Quando sou eu quem está envergonhada?
(Beyoncé)
E eu gostaria poder te libertar
Do sofrimento e da dor
Mas a resposta é simples
(Ambas:)

A culpa é dele!


17° - "Desconstruindo Amélia" (2009), Pitty
Como dito anteriormente, o samba foi o responsável pela construção de um dos maiores estereótipos femininos do Brasil, a famigerada "Amélia". Em 2009, no entanto, a roqueira baiana Pitty decidiu fazer uma releitura da personagem para poder dizer às suas fãs que a mulher pode ser o que ela bem entender. A Amélia de Pitty, "educada para cuidar e servir", decidiu mudar: passou a cuidar de si mesmo, fez mestrado e começou a se questionar por que o parceiro ganha mais do que ela. Ela é muitas: trabalha, cuida da casa e dos filhos e "ainda vai pra night ferver". Graças à Pitty, Amélia finalmente se libertou: deixou de ser serva e objeto. Depois de experimentar o gostinho da liberdade, decidiu que nunca mais vai voltar a ser submissa. "Ela já não quer ser o outro, ela é um também". Genial!



18° - "Strong Enough" (1998), Cher
Assim como Aretha Franklin fez nos anos 1980, Cher se reinventou por completo na virada do século. Lançou o álbum Believe, com uma pegada eletrônica, e conseguiu se tornar a diva de uma nova geração. O single principal do disco, a faixa-título, deu a Cher o recorde de mulher mais velha a atingir o número um da parada de sucessos da revista Billboard, que ela mantém até hoje. Como uma fênix, a mulher renasceu quando muitos já julgavam-na morta comercialmente e conquistou boates, estações de rádio e lojas de discos em todo o mundo. O segundo single do álbum, "Strong Enough" ("forte o bastante"), fez mais sucesso na Europa do que nos Estados Unidos, vendendo 700 mil cópias só na Alemanha, na França e no Reino Unido. É uma pena, porque se trata de uma belíssima canção sobre uma mulher traída que decidiu se empoderar e se nega a desacreditar no amor apesar da situação pela qual passou.


Letra:
Não preciso da sua simpatia
Não há nada que você possa dizer ou fazer por mim
E não quero um milagre
Você nunca vai mudar por ninguém
E eu ouço suas razões, os porquês
Onde você dormiu na noite passada?
E ela valeu a pena? Ela valeu a pena?

Eu sou forte o bastante pra viver sem você
Forte o bastante e parei de chorar
Há bastante tempo, agora sou forte o bastante para saber
Que você precisa ir embora

Não há mais nada a dizer
Poupe seu fôlego e vá embora
Não importa o que você diz
Sou forte o bastante para saber 
Que você precisa ir embora

Então você se sente incompreendido?
Amor, tenho uma novidade para você
Eu fui usada e isso daria até um livro
Mas você não quer saber disso

Eu estive perdendo o sono
E você esteve sendo mesquinho
E ela não vale metade de mim, é verdade

Venha o que vier
Você nunca me verá chorar
Este é o nosso último adeus, é verdade


19° - "Independent Women Part I" (1999), Destiny's Child
Como afirmei anteriormente, Beyoncé tem todo um cânone de músicas sobre emancipação da mulher. Em 1999 pediram ao grupo então liderado por ela, o Destiny's Child, para fazer uma música para a trilha-sonora do filme As Panteras, versão do seriado setentista estrelado por Cameron Diaz, Drew Barrymore e Lucy Liu. Não sei vocês, mas a última coisa que me vem à cabeça quando penso naquele seriado é o empoderamento feminino (e o filme também não tem lá muito de feminista não), mas Beyoncé compôs uma de suas melhores músicas sobre emancipação feminina justamente para esse filme. Não deu outra, a canção ficou impressionantes onze semanas no topo da parada de sucessos da revista Billboard, de novembro de 2000 a fevereiro de 2001, além de ter sido indicada para o Grammy de melhor canção escrita para um filme ou programa de televisão. Segundo a revista é o 18° single mais bem-sucedido da década de 2000. E foi assim que Beyoncé foi construindo sua imagem de ícone maior das feministas contemporâneas.


Letra:
Pergunta: Diga, o que você acha de mim?
Eu compro meus próprios diamantes
E compro meus próprios anéis
Só te ligo quando eu me sinto sozinha
Quando você acabar por favor levante-se e saia

Pergunta: Diga, o que você acha disso?
Tente me controlar e, garoto, você será dispensado
Banco a minha diversão e ainda pago minhas próprias contas
Nos meus relacionamentos é sempre meio a meio

O calçado nos meus pés, eu comprei
As roupas que eu estou vestindo, eu comprei
Os diamantes que eu estou balançando, eu comprei
Porque eu dependo de mim
Se eu quiser o relógio que você está usando, eu comprarei
A casa onde eu moro, eu comprei
O carro que estou dirigindo, eu comprei
Eu dependo de mim

Todas as mulheres que são independentes
Joguem suas mãos para cima
Todas as delícias que ganham seu próprio dinheiro
Joguem suas mãos para cima
Todas as mamães que ganham dólares
Joguem suas mãos para cima
Todas as mulheres que realmente me entendem
Joguem suas mãos para cima

Garota, não entendo como você requebra assim
Charlie, como suas Panteras requebram assim
Garota, não entendo como você requebra assim
Charlie, como suas Panteras requebram assim

Diga, o que você acha disso?
Faço o que eu quero, vivo como eu quero viver
Eu dei duro e me sacrifiquei para conseguir o que tenho
Mulheres, não é nada fácil ser independente

Pergunta: Como você lida com tudo isso que eu disse?
Gabando-se daquele dinheiro que ele te deu
Se você vai se gabar, esteja certa que o dinheiro é seu
E que não depende de ninguém mais pra te dar o que você quiser

Destiny's Child
O que há?
Vocês estão na área?
Lógico camarada
Vamos chocar esse pessoal com o "Estilo Pantera"!

Destiny's Child
Beleza independente
Ninguém mais pode me assustar
Panteras!


20° - "Bilhete" (1982), Fafá de Belém
A outra canção dessa lista escrita por Ivan Lins e Vitor Martins é "Bilhete", lançada em 1982 pela cantora paraense Fafá de Belém. À época, a cantora buscava se distanciar de seus primeiros sucessos, músicas regionais e dançantes, e mostrar que tinha a habilidade vocálica para ser uma grande intérprete. Foi assim que essa composição de Lins e Martins chegou até suas mãos. E ela fez um ótimo trabalho interpretando-a. Na letra da música, escrita no formato de um bilhete curto para o companheiro, a personagem narra para o mesmo que já arrumou a mala dele e colocou-a no corredor. De maneira mais ousada do que as demais músicas de rompimento dessa lista, Lins e Martins comparam a separação com um aborto: "te tirei do meu corpo / te tirei das entranhas / fiz um tipo de aborto / e por fim nosso caso acabou / está morto".

20 canções para celebrar a emancipação feminina (Parte I)

Ainda no rescaldo da falsa polêmica do ENEM desse ano, aproveitei para fazer uma compilação daquelas que considero as melhores músicas que têm como tema a emancipação feminina. Assim como a vida imita a arte, a expressão artística por vezes surge para dar voz às aspirações de determinados grupos da sociedade. Quando o movimento pela emancipação das mulheres começou a ganhar força na segunda metade do século passado, a música passou a ser um importante canal de expressão através dos quais as mulheres faziam ser ouvidas suas demandas à outra metade da população mundial, que lhe negava direitos básicos como estudar, votar e ser votada, dirigir, trabalhar, sair de casa sozinha e ser dona de seu próprio negócio, dinheiro e imóveis. Até determinado período, as mulheres solteiras não podiam comprar imóveis ou trabalhar como professoras - a única função que o Estado permitia que as mulheres exercessem. Desde então, entre avanços e retrocessos¹, avançamos muito na garantia de direitos às mulheres. Eis algumas músicas que embalaram ativistas dos direitos das mulheres nos últimos 50 anos:


1° - "You Don't Own Me" (1963), Lesley Gore
No mesmo ano em que Betty Friedan lançou A Mística Feminina, a intérprete nova-iorquina de 17 anos Lesley Goldstein (cujo sobrenome foi alterado devido ao antissemitismo ainda forte na sociedade estadunidense) lançou a canção que se tornaria o hino dos primeiros anos do feminismo de segunda onda. No obituário da cantora, falecida no início desse ano, o New York Times se referiu à canção como "indelevelmente desafiadora". Não é para menos, pois Lesley começara sua carreira um ano antes cantando canções tolas sobre ter perdido o namorado para outra e como faria para se vingar da rival. Em "You Don't Own Me" ("você não é meu dono"), ela demonstrou uma força até então jamais imaginada tanto para uma cantora como ela quanto para o sexo feminino em geral. Quando ela atinge as notas mais altas, é como se toda a dor e o sofrimento que ela passou por ser mulher e lésbica (o que só foi revelado décadas mais tarde, em 2005, quando ela já havia caído no ostracismo) viesse à tona. Sua carreira logo desandou e ela passou a fazer pontas em seriados de TV, shows para públicos cada vez menores e a compor para outros artistas. Sua belíssima "Out Here On My Own", escrita para o filme Fama (1980), foi indicada ao Oscar de melhor canção original. De qualquer forma, "You Don't Own Me" permaneceu na memória do público, sendo usada na trilha-sonora do filme Clube das Desquitadas (1996) e num anúncio contra as investidas dos republicanos a clínicas de aborto nos Estados Unidos.


Letra:
Você não é o meu dono, não sou seu brinquedinho
Você não é o meu dono, não diga que não posso sair com outros garotos
Não me diga o que fazer, não me diga o que dizer
E, por favor, quando eu sair com você não me exiba
Porque você não é meu dono
Não tente me mudar de maneira alguma
Se me amarrar, eu nunca vou ficar

Não me diga o que fazer, não me diga o que dizer
E, por favor, quando eu sair com você não me exiba
Eu não te digo o que dizer, eu não te digo o que fazer
Apenas me deixe ser eu mesma
É tudo o que peço de você

Sou jovem e amo ser jovem
Sou livre e amo ser livre
Viver minha vida do jeito que eu quero
Dizer e fazer o que me agrada


2° - "I Am Woman" (1971), Helen Reddy
Confesso que fiquei na dúvida entre colocar essa como a primeira ou segunda colocada na lista pois, diferentemente de "You Don't Own Me", "I Am Woman" ("eu sou mulher") foi escrita pela mesma mulher que a interpreta. O primeiro lugar dessa lista foi escrito por dois homens, John Madara e David White, mas não creio que isso me impeça de colocar a canção em primeiro lugar, pois ela foi escrita para e interpretada por uma mulher, que inclusive atribui à canção seu despertar para a militância feminista. Ademais, "I Am Woman" surgiu quando o movimento feminista de segunda onda já estava no seu auge e a Organização Nacional das Mulheres de Betty Friedan já era uma entidade bem-estabelecida e respeitada. A canção, cujo compacto vendeu um milhão de cópias somente nos Estados Unidos e atingiu o topo da parada de sucessos da revista Billboard, fala mais diretamente com o público do que "You Don't Own Me" (que mais parece uma discussão de namorados) e é um verdadeiro apelo aos homens que discriminam as mulheres e à sororidade - a união das mulheres que reconhecem que seus problemas são semelhantes e que, para superá-los, precisam agir de maneira conjunta. Sua intérprete, a australiana Reddy, embora tenha tido outros sucessos, atribui sua fortuna ao poema feminista que escreveu e mais tarde musicou.


Letra:
Eu sou mulher, ouça-nos rugir
Em números grandes demais para serem ignorados
Eu sei demais para retornar e fingir
Porque eu já ouvi de tudo antes
E eu estive lá em baixo no chão
Ninguém nunca vai me manter lá em baixo de novo

Ah sim, eu sou sábia
Mas é sabedoria nascida da dor
Sim, eu paguei o preço
Mas veja o quanto eu ganhei
Se eu precisar, eu posso fazer qualquer coisa
Eu sou forte
Eu sou invencível
Eu sou mulher

Você pode me curvar, mas nunca me quebrar
Porque isso só serve para me tornar
Mais determinada a alcançar o meu objetivo final
E eu volto ainda mais forte
Não sou mais uma noviça
Porque você aprofundou a convicção da minha alma

Eu sou mulher, veja-me crescer
Veja-me ficar de pé, cara-a-cara
Enquanto abro meus braços amorosos pela terra
Mas eu ainda sou um embrião
Com um longo caminho a percorrer
Até eu fazer meu irmão compreender


3° - "I Will Survive"(1978), Gloria Gaynor
Assim como "I Am Woman", "I Will Survive" ("eu vou sobreviver") atingiu a primeira posição na parada da revista Billboard e vendeu um milhão de cópias nos Estados Unidos. No entanto, sua sonoridade é muito diferente da segunda colocada na lista. Trata-se de um dos hinos da alegre e dançante disco music, interpretado de forma magistral por Gloria Gaynor. Devido à grande identificação desse estilo musical com o público gay, a cantora se tornaria, com o declínio da disco (motivada por uma campanha racista e homofóbica), uma espécie de madrinha do movimento LGBT, regravando mais tarde "I Am What I Am", hino a favor da aceitação dos homossexuais, presente na trilha-sonora do musical da Broadway A Gaiola das Loucas. Apesar de sua identificação posterior com o movimento LGBT, inicialmente "I Will Survive" foi um hino feminista. Assim como "You Don't Own Me", sua letra trata-se de um diálogo: uma mulher avisa ao ex-namorado que superou o medo de ficar sozinha, descobriu o amor-próprio e que agora não o aceitará mais de volta. Embora hajam canções belíssimas sobre mulheres que morrem por um amor, é bastante positivo que existam canções que demonstrem que nem todas as mulheres são assim. A força e a perseverança feminina devem ser exaltadas sempre!


Letra:
No início eu tive medo, fiquei paralisada
Continuava achando que nunca conseguiria viver
Sem você ao meu lado
Mas então eu passei muitas noites
Pensando em como você me fez mal
E eu me fortaleci e aprendi a me virar

E agora você voltou do espaço sideral
Acabei de entrar e te encontrei aqui
Com aquela aparência triste no rosto
Eu devia ter mudado aquela fechadura estúpida
Eu devia ter feito você deixar sua chave
Se eu soubesse, apenas por um segundo
Que você voltaria para me incomodar

Vá agora, saia pela porta!
Apenas dê meia-volta, pois você não é mais bem-vindo
Não foi você quem tentou me magoar com o adeus?
Você achou que eu me desintegraria em pedaços?
Você pensou que eu deitaria e morreria?
Oh não, eu não, eu vou sobreviver
Enquanto eu souber como amar
Eu sei que permanecerei viva
Eu tenho toda minha vida para viver
Eu tenho todo meu amor para dar e
Eu vou sobreviver, eu vou sobreviver

Foi preciso toda a força que eu tinha para não cair em pedaços
E tentei duramente remendar os fragmentos do meu coração partido
E eu passei muitas noites sentindo pena de mim mesma
Eu costumava chorar, mas agora mantenho minha cabeça erguida
E você me veja como uma pessoa nova
Não sou aquela pessoa insignificante, acorrentada, ainda apaixonada por você
E então você tem vontade de fazer uma visita
E simplesmente espera que eu esteja livre?
Agora estou guardando todo meu amor
Para alguém que está me amando


4° - "Respect" (1967), Aretha Franklin
"Respect" ("respeito") talvez seja o hino mais incidental de toda a lista. A canção foi escrita por Otis Redding e originalmente gravada e lançada pelo mesmo sem atingir grande sucesso comercial. Tratava-se de uma canção cuja letra trazia o personagem de um marido exigindo da esposa que lhe tratasse com respeito e fidelidade, pois ele ficava o dia inteiro fora de casa, trabalhando. Aretha Franklin regravou a música e logo os papéis se inverteram, o que criou um dos primeiros hinos feministas da história da música pop. Ainda hoje, "Respect" é a canção mais identificada com a rainha do soul, sendo que Aretha demorou exatos 20 anos para conseguir outro número um na parada de sucessos da revista Billboard ("I Knew You Were Waiting", dueto com o cantor britânico George Michael). Além de ter se tornado um ícone do feminismo, "Respect" tornou-se ainda um hino do movimento negro, recém-liberto das amarras da segregação racial, ajudando a promover o diálogo entre os dois movimentos e dando visibilidade ao feminismo negro, que muitas vezes luta por questões completamente diferentes do feminismo branco, visto que os problemas enfrentados pelas mulheres negras nem sempre são os mesmos das brancas.


Letra:
O que você quer
Querido, eu tenho
O que você precisa
Você sabia que eu tenho?
Tudo que estou pedindo
É um pouco de respeito quando você vier pra casa
Ei, meu bem (só um pouquinho) quando chegar em casa
(Só um pouquinho) senhor (só um pouquinho)

Eu não vou lhe fazer mal enquanto você estiver fora
Eu não vou lhe fazer mal porque eu não quero
Tudo que estou pedindo
É um pouco de respeito quando você vier pra casa (só um pouquinho)
Querido (só um pouquinho) quando você chegar em casa (só um pouquinho)
Sim (só um pouquinho)

Eu estou prestes a te dar todo o meu dinheiro
E tudo o que eu estou pedindo em troco, docinho
É que você me dê o que é meu por direito
Quando você chegar em casa

Oh, seus beijos
São mais doces que mel
E advinha só?
Meu dinheiro também é
Tudo que eu quero que você faça por mim
É dar respeito pra mim quando você chegar em casa
É, querido
Dê pra mim (respeito, só um pouquinho)
Quando você chegar em casa (só um pouquinho)


5° - "Olho por Olho" (1977), Beth Carvalho
Foi difícil escolher as canções nacionais que entrariam na lista. Primeiro, porque não sou grande conhecedor da música popular brasileira. Segundo, porque infelizmente são poucas as canções brasileiras que me marcaram enquanto ícones da busca pela igualdade de gênero. De qualquer forma, eu sabia que este samba não poderia faltar na lista. Esse gênero musical produziu um dos retratos mais grotescos e retrógradas de como uma mulher deve ser: a famigerada "Amélia", escrita por Mário Lago nos anos 1940. (Mais sobre ela no número 17 dessa lista). A partir dos anos 1970, entretanto, o chamado ABC do Samba (Alcione, Beth Carvalho e Clara Nunes) abriu as portas para que as mulheres também passassem a interpretar canções desse gênero musical, mudando a forma como seus compositores encaravam o sexo oposto. Em "Olho por Olho", canção lançada no Fantástico em 4 de dezembro de 1977, Beth Carvalho ameça o parceiro: se me trair, será traído de volta. Talvez num mundo ideal as coisas seriam simples assim. No Brasil atual as mulheres ainda são tolhidas de sua liberdade sexual. Ainda é mais comum do que eu gostaria que fosse o número de casos de mulheres mortas por ex-companheiros ciumentos. Os chamados crimes "passionais" que de paixão nada têm.



6° - "I Don't Need a Man"(2005), Pussycat Dolls
Eu adoro essa música, porque ela veio do grupo mais inesperado possível. As Pussycat Dolls surgiram como um grupo de dança burlesca em Los Angeles que mais tarde evoluiu para a música. Seu primeiro sucesso foi "Don't Cha", canção do mesmo álbum que "I Don't Need a Man" ("não preciso de um homem"), que trazia letra, videoclipe e danças super erotizadas. Outros sucessos do grupo, como "Buttons" e "Wait a Minute", seguiram a mesma linha. Numa crítica de "I Don't Need a Man", a revista People afirmou que o grupo que se auto-objetifica mudou de lado para declarar sua independência dos homens. Co-escrita pela vocalista  Nicole Scherzinger, "I Don't Need a Man" foi lançada somente na Europa, atingindo um sucesso moderado na região. Ao contrário das demais canções do grupo, que não possuía muita independência artística da empresária Robin Antin, criadora do grupo de dança, esta com certeza passou um recado muito positivo para aqueles que, assim como eu, eram adolescentes em meados da década de 2000.


Letra:
Vejo você me olhando
Como se eu tivesse algo para você
E o jeito que você me encara
Não se atreva
Porque eu não estou prestes a
Simplesmente dar tudo isso aqui para você
Pois têm algumas coisas que eu não vou fazer
E não tenho medo de lhe falar
Eu não quero te deixar confuso

Quanto mais você tenta
Menos eu acredito
E eu não tenho que pensar nisso direito
Você sabe se estou na sua

Não preciso de um homem para fazer acontecer
Eu sinto prazer em ser livre
Não preciso de um homem para que eu me sinta bem
Eu me satisfaço fazendo as coisas do meu jeito
Não preciso de uma aliança no dedo
Para que eu me sinta completa
Então deixe-me terminar com isso
Eu posso sair quando você não está por perto

Você sabe que eu tenho minha própria vida
Eu comprei tudo que está nela
Então, se quiser ficar comigo
Nem tudo é sobre o que você está trazendo
Quero amor que seja pra valer
E, sem isso, nada feito
E querido não quero uma mão
Se ela só quer agarrar uma coisa

Não preciso de um homem para enfrentar a vida
Porque estou indo bem, me sinto nova em folha
Não preciso de um homem para enfrentar a vida
Porque estou indo bem sem você!


7° - "Can't Hold Us Down" (2002), Christina Aguilera & Lil' Kim
Quando lançou o álbum Stripped em 2002, Christina Aguilera se tornou o alvo de diversas críticas sexistas. No primeiro single do disco, "Dirrty", a cantora tentou, sem sucesso, explorar um lado mais sensual de sua personalidade, o que rendeu críticas e, obviamente, comparações com Britney Spears, que a mídia elegera como sua rival. A resposta aos críticos veio na forma de "Can't Hold Us Down" ("não vão nos humilhar"), do mesmo álbum e lançada na metade de 2003. Apesar de ter sido mais bem sucedida do que "Dirrty", a canção conseguiu atingir apenas um sucesso moderado nos Estados Unidos, tendo atingido desempenho melhor no mercado internacional. Na canção, a cantora critica a sociedade por não aplicar aos homens os mesmos pré-conceitos que utiliza para julgar as mulheres ("o cara fica com toda a glória se for rodado, enquanto a garota que fizer o mesmo você chama de puta"). No livro Theurapeutic Uses of Rap and Hip-Hop, os autores Susan Headly e George Yancy discutem o impacto potencialmente positivo da canção junto às garotas, afirmado que ela "incentiva as jovens a terem orgulho, força e empoderamento para serem o que quiserem". Amém!


Letra:
Então eu não tenho direito a ter uma opinião?
Devo ficar calada só porque sou uma mulher?
Me chamam de vadia porque falo o que penso
Seria mais fácil me engolir se eu sentasse e sorrisse

Quando uma mulher contra-ataca
De repente o falador não sabe como agir
Então ele faz o que qualquer moleque faria
Inventa um boato qualquer

Isso pra mim com certeza não é um homem
Difamando nomes para ficar famoso
É triste ganhar fama à custa de polêmicas
Mas agora vou lhe dar motivo para falar

Esta vai para as minhas garotas do mundo todo
Que cruzaram com homens que não lhes dão valor
Que acham que mulher deve ser vista e não ouvida
O que fazemos, garotas?
Gritamos alto!
Para deixar claro que vamos bater o pé
Levantem as mãos e acenem com orgulho
Respirem fundo e falem bem alto:
Vocês nunca vão nos humilhar

Então não devo dizer o que estou dizendo?
Minha mensagem o ofendeu?
Me chame do que quiser, suas palavras não me atingem
Você não é homem nem para lidar com o que canto

Se você analisar a História
Vai ver que isso é um preconceito comum na sociedade
O cara fica com toda a glória se for rodado,
Enquanto a garota que fizer o mesmo você chama de puta
Eu não entendo por que é aceito
Que o cara se safe e a garota fique falada
Mulheres, unam-se e mudem isso
Vamos começar de novo, todas cantando

Esta vai para as minhas garotas do mundo todo
Que cruzaram com homens que não lhes dão valor
Que acham que mulher deve ser vista e não ouvida
O que fazemos, garotas?
Gritamos alto!
Para deixar claro que vamos bater o pé
Levantem as mãos e acenem com orgulho
Respirem fundo e falem bem alto:
Vocês nunca vão nos humilhar

[Lil' Kim]
Eis uma coisa que eu não entendo
Se o homem tem três mulheres, ele é o cara
Ele pode até nos lamber
Se uma garota faz isso, ela é uma puta
Mas a mesa vai virar,
Aposto minha fama nisso
Canalhas roubam minhas idéias na cara de pau
Mas tudo bem, ninguém me põe pra baixo
Preciso continuar me mexendo
Para todas as garotas que os caras querem enrolar
Enrolem-no de volta e pronto
Digam na cara que ele não está com nada
E que Lil' Kim e Christina Aguilera estão com vocês

Você é só um moleque
Se acha tão bonito e recatado
Precisa falar alto
Para compensar o que tem de pequeno
Você é só um moleque
E só faz irritar
Precisa falar alto
Para compensar o que tem de pequeno


8° - "Run the World (Girls)" (2011), Beyoncé
Beyoncé tem várias canções que poderiam entrar nessa lista. Praticamente todo álbum que ela lança desde a época em que era vocalista do grupo Destiny's Child tem alguma música que levanta a bandeira do empoderamento feminino. No entanto, nenhuma é tão marcante para mim quando "Run the World (Girls)", de seu quarto álbum de estúdio, lançado em 2011. Sua letra pode não ser tão sofisticada quando a de "Listen", outra canção sobre empoderamento da mesma cantora, que foi indicada ao Oscar de melhor canção original em 2007 (é da trilha-sonora do filme Dreamgirls), mas às vezes é justamente a simplicidade que conta. Passar uma mensagem importante de forma rápida e divertida pode ser mais eficiente do que fazer discursos longos, quando se corre o risco de se perder no meio da mensagem que se deseja passar para seu público. Beyoncé, que tratar a questão do empoderamento feminino de ambas as formas e com maestria invejável, construiu para si a imagem de cantora mais identificada com o atual estágio do movimento feminista. Quem me dera se sua pupila Anitta seguisse seus passos e parasse de reforçar o machismo na televisão!


Letra:
Quem manda no mundo? Garotas!
Quem manda no mundo? Garotas!
Quem manda no mundo? Garotas!
Quem manda no mundo? Garotas!

Alguns daqueles homens pensam que detonam isso
Como nós
Mas não, eles não detonam
Joguem seu dinheiro na cara deles
Nos desrespeitar?
Não, eles não irão

Garoto, nem tente tocar nisso
Garoto, essa batida é louca
Foi assim que eles me criaram
Em Houston, Texas, querido

Essa vai para todas as minhas garotas
Que estão no clube curtindo a última novidade
Que pagam suas compras
E ganham mais dinheiro depois

Eu acho que preciso de uma folga
Nenhum desses manos conseguem me derrotar
Eu sou tão boa nisso
Vou te lembrar como sou esperta

Garoto, estou apenas brincando
Venha aqui, querido
Espero que você ainda goste de mim
Se me odiar

Minha persuasão
Pode construir uma nação
Poder infinito
Com nosso amor podemos devorar

Você vai fazer qualquer coisa para mim

Quem manda no mundo? Garotas!
Quem manda no mundo? Garotas!
Quem manda no mundo? Garotas!
Quem manda no mundo? Garotas!
Quem manda no mundo? Garotas!

Quem manda nesta mer**? Garotas!
Quem manda nesta mer**? Garotas!
Quem manda nesta mer**? Garotas!
Quem manda nesta mer**? Garotas!

Quem manda no mundo? Garotas!
Quem manda no mundo? Garotas!
Quem manda no mundo? Garotas!
Quem manda no mundo? Garotas!

O clima está fervendo aqui DJ
Não tenha medo de tocar essa, tocar essa de volta
Estou falando em nome das garotas
Que já dominaram o mundo
Deixe-me fazer um brinde
Para as universitárias graduadas

Amigo, uma rodada e
Eu te deixo saber que horas são, veja
Você não pode me deter
Eu trabalho o dia todo, melhor ir pegar meu cheque

Essa vai para todas as mulheres
Que estão conseguindo
Alcançando seus objetivos
Para todos os homens que respeitam
O que eu faço
Por favor, aceite meu brilho

Garoto você sabe que adora
O quanto somos espertas o bastante para ganhar milhões
Forte o suficiente para lidar com as crianças
E depois voltar aos negócios

Veja, é melhor não brincar comigo
Oh, venha aqui querido
Espero que você ainda goste de mim
Se me odiar

Minha persuasão
Pode construir uma nação
Poder infinito
Com nosso amor podemos devorar

Você vai fazer qualquer coisa para mim

Quem manda no mundo? Garotas!
Quem manda no mundo? Garotas!
Quem manda no mundo? Garotas!
Quem manda no mundo? Garotas!
Quem manda no mundo? Garotas!

Quem manda nesta mer**? Garotas!
Quem manda nesta mer**? Garotas!
Quem manda nesta mer**? Garotas!
Quem manda nesta mer**? Garotas!

Quem manda no mundo? Garotas!
Quem manda no mundo? Garotas!
Quem manda no mundo? Garotas!
Quem manda no mundo? Garotas!

Quem somos nós?
No que nós mandamos?
No mundo


9° - "Maria da Penha" (2007), Alcione
É impossível pensar em empoderamento feminino e ignorar o avanço que representou a Lei Maria da Penha. Pano rápido: Maria da Penha foi uma professora universitária que foi baleada pelo companheiro, o que a deixou paraplégica. Ela tentou fazer com que ele fosse preso pelo crime, mas não conseguiu pois, à época, o Estado brasileiro não reconhecia a violência doméstica como crime agravado, o que possibilitava que os agressores firmassem um termo circunstanciado de ocorrência e sequer passassem a noite na delegacia pelo crime que cometiam. Ela processou o Estado brasileiro na Corte Interamericana de Direitos Humanos e venceu. O Brasil foi obrigado pelo organismo internacional a criar uma legislação que coibisse e punisse mais severamente a prática de violência doméstica contra a mulher. Infelizmente ainda é algo muito comum em nosso país, acometendo mulheres de todas as classes sociais e idades, mas agora as vítimas se sentem mais protegidas ao denunciar seus agressores, sabendo que eles não poderão ficar livres através do pagamento de cestas básicas. Quando gravou esse samba, em 2007, Alcione visou estimular as denúncias de mulheres contra seus agressores.



10° - "You Keep Me Hangin' On" (1966 / 1986), The Supremes / Kim Wilde
"You Keep Me Hangin' On" ("você continua me prendendo") é uma canção que foi originalmente composta pelo trio de compositores da Motown Records, Holland-Dozier-Holland, para o grupo The Supremes. Vinte anos depois, a cantora britânica Kim Wilde lançou sua própria versão da canção. Ambas as versões atingiram o primeiro lugar da parada de sucessos da revista Billboard, sendo essa uma das poucas canções que foram número um na voz de dois artistas diferentes. A versão de Wilde mudou toda a estrutura de "You Keep Me Hangin' On", embora a letra permaneça a mesma. Trata-se de uma canção bastante característica de sua época, quando estava no auge o feminismo de segunda onda; assim como as já mencionadas "Respect" e "You Don't Own Me", trata-se de um diálogo entre uma namorada e um namorado, onde a protagonista se refere ao fato de ter conseguido ficar livre do comportamento abusivo do parceiro como uma libertação. Se no atual estágio do feminismo falamos mais em "empoderamento", naquela época a palavra-chave de quem lutava pela igualdade dos sexos era "libertação".


Letra:
Por que você não me liberta, querido?
Por que você não sai da minha vida, querido?
Porque você não me ama de verdade
Você continua apenas me prendendo

Por que você não me liberta, querido?
Por que você não sai da minha vida, querido?
Porque você não precisa de mim de verdade
Você continua apenas me prendendo

Por que você continua voltando,
Brincando com meu coração?
Por que você não sai da minha vida
E me deixa tentar um recomeço?
Deixe-me te esquecer
Da forma que você tem me esquecido

Por que você não me liberta, querido?
Por que você não sai da minha vida, querido?
Porque você não me ama de verdade
Você continua apenas me prendendo
Não, você não precisa de mim de verdade
Você continua apenas me prendendo

Você diz que embora tenhamos nos separado
Você ainda quer ser apenas amigos
Mas como podemos ser apenas amigos
Se ver você só partirá meu coração de novo?
(E não há nada que eu possa fazer a respeito disso)

Saia, saia da minha vida
E me deixe dormir a noite
Porque você não me ama de verdade
Você continua apenas me prendendo

Você diz que ainda se importa comigo
Mas seu coração e alma precisam ser livres
Agora que você tem a sua liberdade
Você ainda quer agarrar-se a mim
Você não me quer para si mesmo
Então deixe-me encontrar alguém

Porque você não vira homem
E me liberta?
Você não se importa nada comigo
Você está somente me usando, me usando
Saia, saia da minha vida
E me deixe dormir a noite
Porque você não me ama de verdade
Você continua apenas me prendendo


¹ Sem sombra de dúvida o maior retrocesso dos últimos tempos foi a aprovação pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados de um projeto de lei de Eduardo Cunha que dificulta o acesso de vítimas de estupro à pílula do dia seguinte. O estupro deixa de ser encarado como um problema de saúde pública para ser observado sob o viés da religião, o que prejudica as mulheres como um todo, crentes e não-crentes. 

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Poema: Voltem militares

Dedicado a todos os lunáticos que saíram de suas casas pedindo o fim da democracia.

Não aguento mais essa horda de haitiano
Quero o corpo daquele pernambucano
Não aguento mais política assistencial
Predestinada é a minha classe social

Nação comunista, ditadura gayzista
Nação fascista, sociedade classista
Pobre votando, eleição comprada
Sampa secando, mídia calada

Não tem água na capital? Tá legal
A gente compra água mineral
Não tem água na favela? Azar
Quem mandou nascer nesse lugar?

Voltem militares
Não aguento mais a corrupção petista
Faremos jantares
Para celebrar a nossa sanha privatista

Não aguento mais essa hora de nordestino
Enquanto isso o meu estado está falindo
Quero ver o povo de volta no curral
Predestinada é minha classe social

Nação comunista, ENEM feminazi
Foi Olavo que me ensinou essa frase
Nação hipócrita, sociedade ignorante
Sampa secando, estou delirante

Se o rolo que eu vejo no jornal é federal
Pego minha janela e bato panela
Se o rolo que eu não vejo é estadual
É problema dos petistas da favela

Voltem militares
Para celebrar nossa hipocrisia
Faremo-lhes jantares
Vai nos dar uma baita azia

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

ENEM: Não é doutrinação, é respeito

No último domingo, mais de 7 milhões de estudantes brasileiros que aspiram entrar numa faculdade se depararam com o seguinte tema de redação no ENEM, o Exame Nacional do Ensino Médio: “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”. Seria um tema normal no SAT, o exame utilizado pela maioria das universidades americanas para selecionar seus alunos. No entanto, tudo no Brasil tornou-se politizado ao extremo desde aquela fatícia campanha eleitoral de 2014. Até o que não deveria ser, como o respeito às diferenças individuais de cada ser humano.

Se a política for mulher, vai ser xingada por sua vida sexual.
Embora a campanha do PSDB em 2010 tenha sido muito rasteira, com acusações de que Dilma seria ateia e a favor do aborto (sendo acusada por quem de fato fez aborto), a campanha de 2014 atingiu novos patamares de baixeza. A vida sexual da presidente começou a ser abertamente questionada e, de repente, tornou-se aceitável criticar a presidenta por ela ser “puta”, “vadia”, “vagabunda”, entre outros impropérios, embora Lula e Fernando Henrique Cardoso (que traiu sua esposa com uma jornalista da Rede Globo) jamais tenham sido tratados nesses termos. O PSDB, que tem eleitoras e candidatas, deveria se posicionar contra tais ataques, mas manteve e mantém um silêncio abismal.

Quando a crise econômica piorou, em 2015, as críticas desceram ainda mais de nível. Logo os eleitores do PSDB estavam vendendo um adesivo onde a presidenta aparecia de pernas abertas para ser colocado no bocal de gasolina dos carros. Cada vez que o frentista enfiasse a mangueira no bocal, era como se estivesse violando a presidenta. Banalizaram o crime hediondo do estupro para atacar uma política que não gostam. Quando contei isso a uma inglesa que participou do Encontro Nacional da Juventude Anglicana, em setembro, ela ruborizou. Indaguei-a se Margaret Thatcher tinha sido vítima desse tipo de machismo quando foi primeira-ministra e ela me disse que as críticas se limitavam à política econômica da "dama de ferro".

Merkel e Thatcher, políticas de direita. No Brasil, ainda sonhamos
com o dia em que o PSDB lançará uma candidata à presidência.

Nos Estados Unidos, existe inclusive um movimento de feministas de direita. A mais famosa representante desse movimento talvez seja a ex-governadora do Alasca Sarah Palin, que concorreu à vice-presidência na chapa republicana encabeçada pelo senador John McCain. De maneira semelhante, a já citada Thatcher (que era a favor do aborto) e a premiê alemã Angela Merkel foram eleitas por partidos conservadores. Até mesmo no nosso vizinho Peru há uma Keiko Fujimori. Aqui no Brasil, no entanto, falta aos partidos de direita reconhecerem as mulheres como seres portadores dos mesmos direitos e deveres dos homens.

No final das contas, o feminismo se resume a isso. “Feminista é a pessoa que acredita na igualdade sociopolítico-econômica dos sexos”, diz a ativista Chimamanda Ngozi Adichie na apresentação do TED que foi mais tarde sampleada numa conhecida música da cantora norte-americana Beyoncé. Reparem que ela não distingue gêneros (“é a pessoa”), sendo que sua visão do feminismo defende que homens também podem ser feministas. Onde está a tentativa de segregar homens e mulheres nessa definição de feminismo? Onde está o marxismo? Feminismo trata-se muito mais de uma questão de respeitar o outro ser humano por sua condição de mulher do que de doutrinação marxista.

Pode parecer complexo, mas feminismo é só isso.

Inclusive existem marxistas machistas. Conheço vários, mas para não causar mal-estar com ninguém, vou citar um exemplo histórico. Ao final da Segunda Guerra Mundial, os comunistas, que estavam na linha de frente da Resistência em diversos países como França e Itália, promoveram espancamentos de mulheres que dormiram com soldados alemães. Inclusive descobri recentemente que a cantora Frida, da famosa banda sueca ABBA, na verdade é filha de uma mãe finlandesa e um pai alemão, soldado do Exército nazista, e que sua família se mudou para a Suécia no final da Guerra temendo represálias. Determinar com quem uma mulher pode ou não dormir não me soa como feminismo.

Frida, vítima do machismo. Na Guerra, quase todo finlandês
colaborou com os nazistas. Depois, incentivados pela esquerda,
lincharam mulheres que dormiram com soldados alemães.
O que os organizadores do ENEM tentaram fazer foi com que milhões de estudantes, de todas as cores, idades, classes sociais e condições econômicos, refletissem sobre situações que acometem milhões de mulheres – inclusive as próprias estudantes – todos os dias no Brasil; desde a empregada doméstica que é assediada por seu patrão até a presidenta da República, xingada de “puta” desde que a economia azedou. Quiseram saber de um público majoritariamente jovem, o porquê da violência contra a mulher ainda ser tolerável no Brasil em pleno século XXI. Com isso, o Exame sinalizou à sociedade que precisamos falar sobre o tema nas escolas. 

É uma tentativa de estimular o debate diante da investida machista que interdita-o. No início deste ano, sob pressão (e com o apoio) da Igreja Católica e de denominações evangélicas, vereadores de diversas cidades conseguiram retirar dos Planos Municipais de Educação metas que indicavam a necessidade de trabalhar na sala de aula os temas de gênero e sexualidade. As mesmas já haviam sido retiradas do Plano Nacional de Educação no ano passado sob a influência da Bancada Evangélica do Congresso Nacional. Foi isso, inclusive, que motivou minha saída da Igreja Católica após 25 anos como fiel daquela denominação.

O tema da redação do ENEM não tem nada de ideológico, baseia-se na realidade de nosso país, em casos de bullying machista nas escolas e no estupro de universitárias. Baseia-se na constatação de que um ambiente que deveria inspirar a sociedade a pensar e superar seus problemas perpetua a violência contra a mulher devido à crença – sem embasamento – de que as mulheres são inferiores aos homens. Mas no Brasil atual, onde a defesa da ampliação de todo e qualquer direito é logo denunciada como parte integrante de uma trama comunista do PT para desestabilizar a sociedade, pensar tornou-se praticamente um delito, o crimideia de Orwell.

Alguém avisa à patrulha anticomunista que a URSS acabou?
Também argumentavam isso no Sul dos Estados Unidos quando milhares de negros (e brancos simpatizantes, geralmente nortistas) se insurgiram contra o sistema de segregação racial. Os defensores do status quo racista chegavam ao ridículo de acusar o FBI, responsável pela investigação de crimes racistas e chefiado pelo notório anticomunista J. Edgard Hoover, de comunista. Meu sonho é que um dia o Brasil saia da paranoia anticomunista dos anos 1950-60 que nega direitos e institucionaliza a violência. Até porque no próximo dia 26 de dezembro comemora-se o 24° aniversário do fim da União Soviética e, consequentemente, da ordem mundial bipolar.