quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Porque o boicote da elite do entretenimento contra Trump irá falhar


Poucos artistas parecem dispostos a se apresentar e entreter o país quando o novo presidente assumir no dia 20 de janeiro. Com a notícia na semana passada de que o cantor de ópera Andrea Bocelli cedeu à pressão e desistiu de fazer um show na posse e com uma membro das Rockettes liderando uma rebelião nas redes sociais contra o presidente, Kid Rock é atualmente o maior nome agendado para se apresentar.

E a esquerda é tonta. Porque ela ainda não entendeu o que está acontecendo.

Robert Reich quer ser o Bob Geldof do anti-trumpismo.
Robert Reich, secretário de trabalho de Bill Clinto que se transformou no Michael Moore do Facebook está promovendo algo chamado o Concerto da Liberdade Unida que será transmitido ao mesmo tempo que a posse presidencial. O show beneficiará todas as entidades de caridade progressistas de sempre e Reich espera conseguir grandes nomes como Jay-Z e Madonna para se apresentar. "Simples", escreveu, "a posse de Trump perde toda a audiência na TV. Basicamente, ninguém assistirá".

Isso deve impedi-lo. Jay-Z e Madonna ambos já haviam se apresentado durante a eleição para angariar apoio para Hillary Clinton — e obviamente falharam. Mas, claro, mais um show deve fazer o país virar para o lado de Reich.

A verdadeira questão é a bolha criada pela exclusão estalinizada que a esquerda faz dos não-progressistas da cultura popular americana.

Lin Manuel Miranda está fazendo um concurso para angariar fundos para a Planned Parenthood. Para cada doação de US$10, você entra numa seleção para ver o musical dele, "Hamilton", em três cidades. A mãe de Miranda está no conselho nacional de diretores do Fundo de Ação da Planned Parenthood, então esta é obviamente uma causa pela qual ele se importa.

Não houve controvérsia alguma para seu concurso — só imagine se fosse para a Associação Nacional do Rifle ou qualquer outra causa popular conservadora. Quando Mike Pence assistiu àquela infame apresentação de "Hamilton", o vídeo dele entrando no teatro mostrava muito mais aplausos do que vaias. Ainda assim, o elenco pagou um sermão a ele do palco como se fosse impossível que houvessem eleitores de Trump na plateia ou, Deus proíba, no elenco ou na equipe técnica.

A inclinação progressista em tudo vai além da Broadway ou de Hollywood. Permeia tudo. E envelhece rápido. A edição de setembro da revista de dicas domésticas Real Simple trazia um esbravejo político incoerente da escritora Terry McMillan. Nele, ela acusa o Partido Republicano de conspirar contra o presidente Obama porque ele é negro e os estados de "fraudar" as leis eleitorais. Ela escreveu que as pessoas brancas reclamam de pessoas negras que tomam seus empregos e que ela tem medo de que seu filho saia de casa sozinho e seja morto pela polícia.

Real Simple é uma revista conhecida por receitas e dicas de organização. É um mundo no qual os democratas não deveriam habitar. Eles jamais leriam uma revista sobre dicas domésticas caso se encontrariam até o joelho em teorias conspiratórias conservadoras. O mesmo vale para as revistas femininas, que são todas automaticamente progressistas vestidas com uniformes opinativos sobre "questões femininas", como se as mulheres conservadoras não existissem. Então há o choque de que 53 porcento das mulheres escolheram Trump.

Numa eleição que se resumiu ao fracasso dos democratas em manter o apoio dos estados industriais, aumentar o risco de falar apenas com outros progressistas enquanto se assiste aos artistas progressistas é temerário. Escrevendo na esquerdista revista online de artes The Baffler, Jacob Silverman apontou para o culto às celebridades como uma das principais razões pelo fracasso de Hillary.

Katy Perry não vai mudar o que a maioria dos eleitores pensa.
Ele escreveu que esses "apelos pela atenção das celebridades parecem refletir o desejo dos progressistas de verem suas políticas validadas, até mesmo receberem uma aura de glamour, por colegas da elite. Os tweets enérgicos de Clinton e aparições no show do Jay-Z recorrem aos já convertidos enquanto não oferece nada aos milhões de trabalhadores americanos que estão pensando se, talvez, falta um toque de povo à mulher que cobra US$250.000 por palestras secretas para banqueiros".

Um número astronômico de 68 porcento dos entrevistados numa pesquisa de boca-de-urna da Reuters/Ipsos no dia da eleição disse que "partidos e políticos tradicionais não se importam com pessoas como eu". É um número muito grande de pessoas se sentindo completamente abandonadas — e a Katy Perry não vai incidir nisso.

Enquanto os progressistas continuam a desenhar linhas culturais que excluem os conservadores, eles têm que notar que isso está se traduzindo em perdas nas urnas. Os republicanos não controlam apenas a presidência, a Câmara e o Senado, mas cerca de dois-terços das assembleias legislativas e a maioria dos governos estaduais.

O abrangente progressismo na cultura popular pode não estar prejudicando os resultados financeiros dos artistas (até agora), mas certamente não está fazendo nada para ajudar suas causas políticas também. Como aprendemos nessa eleição, ignoramos segmentos inteiros da população sob nosso próprio risco.

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