PSDB: minarquistas disfarçados de liberais. |
Existem vários regimes de governo: democracia, oligarquia, ditadura, anarquia. Mas você já ouviu falar na minarquia? Esse é o regime de governo sob o qual eu vivo. Moro em Goiás, um dos estados-vitrines do PSDB, o partido que advoga a minarquia na política brasileira. A minarquia nada mais é, stricto sensu, do que o Estado mínimo. Trata-se de um regime de governo onde a função social do Estado é negada e as únicas atribuições estatais reconhecidas como legítimas são as de vigiar (polícia), denunciar (promotoria) e punir (Justiça) os cidadãos. Às vezes também reconhece-se a função dos bombeiros, mas não há consenso em relação a isso. Pois bem, na cartilha do eleitor mais fanático do PSDB, aquele que sai às ruas pedindo a substituição inconstitucional, ilegal e inconsequente da presidenta Dilma Rousseff por uma junta militar, só a PF e o MPF deveriam existir.
O governo Dilma II deu uma guinada à direita e vestiu o figurino do liberalismo econômico, mas eles defendem um esfacelamento ainda maior do Estado enquanto agente de transformação social e superação das desigualdades sociais e das injustiças históricas. O Estado saiu da economia, é verdade, mas tem que sair de todas as áreas em que ainda interfere, a não ser aquelas citadas anteriormente. Pois bem, em Goiás essa agenda vem sendo implantada numa intensidade cada vez maior desde que o governador Marconi Perillo foi reeleito para comandar o estado pela quarta vez em 16 anos. Entre viagens para Nova York, Europa, Oceania ou Rio de Janeiro bancadas pelo dinheiro público, o governador já negociou a privatização da CELG e dos colégios estaduais, que se somam às privatizações dos hospitais públicos, realizadas no mandato anterior, para criar o Estado minárquico.
Para garantir o sucesso de seu projeto de Estado minárquico, o PSDB - esteja ele governando qualquer estado que for - se apoia na estratégia de criminalizar toda e qualquer voz (que não são poucas) que são a favor da função social do Estado. Até mesmo mestres e doutores são presos arbitrariamente. A Polícia Militar foi transformada por Perillo numa milícia responsável em garantir os interesses do governador e de seus comparsas que vão comprar a educação através de organizações sociais, instituições estas responsáveis pelo colapso do sistema de saúde do estado do Rio de Janeiro. Na versão goiana da minarquia, que se confunde com a oligarquia, a polícia perde sua função social e passa a ser um ente privado do governo de plantão. Não dá a mínima para celulares e carros roubados; sua única preocupação no momento é sufocar e intimidar os movimentos sociais.
Goiânia é atualmente mais violenta e perigosa do que Nova York, cidade 7 vezes maior. Tente ligar na polícia para reportar que você foi assaltado e você perceberá o quanto estamos jogados a nossa própria sorte aqui em Goiânia. É quase como se estivéssemos perturbando a polícia - paga com os nossos impostos - com nossos problemas. Pois bem, se os governos do PSDB querem provar que a Polícia Militar é uma das únicas instituições do Estado que deveriam existir, deveriam torná-la eficiente. No entanto, eles não precisam se preocupar com isso, pois, segundo o discurso oficial propagado por papagaios de pirata como a Organização Jaime Câmara, a segurança pública de Goiás é uma das sete maravilhas do mundo contemporâneo. É só pagar o mensalinho da imprensa direitinho que jamais a eficiência da minarquia será questionada.
O fato é que em algum momento durante os últimos 18 anos de governo tucano em Goiás a democracia acabou. Se é que ela sequer existiu nessa terra no meio do nada esquecida por Deus. Vivemos num regime autoritário que, para implementar sua ideologia - a do Estado mínimo - consegue ser ainda pior do que o regime anterior, comandado pelo coronel Iris Rezende do PMDB. Mesmo que fossem igualmente repressivos, os governos do PMDB ainda defendiam o mínimo de função social do Estado. Marconi cria programas "sociais" para o grupo que o mantém no poder: a classe média. Os jovens pobres, desiludidos e impacientes se entregam para o crime, que explode como nunca antes na história do estado. Goiás está sendo destruído, assim como todos nós. Não vou me surpreender se entrar em colapso e seu próximo estágio for a anarquia. Parece ser esta a via desejada pelo PSDB para o Brasil.
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